sábado, 13 de setembro de 2014

Iná

Inadequado transformar-te em verso,
Se já és poesia.

Inaceitável conter-te em palavras,
Fonemas, rimas.

Inapropriado seria se tu
Fosses como todo mundo:
Inanimado, entediado e obscuro.

Inacreditável sua forma de ver a vida,
Do seu puro amor profundo
Por tudo.

Inalterada inocência,
Quase infante,
Inabaláveis olhares brilhantes.
Inatingível sorriso estonteante,
Desajeitado andar elegante.

Inadmissível calada,
De universo próprio,
Inabitável a qualquer outra criatura
E não há de se preocupar, Doçura
Que nem todos enxerguem magia
Visto que não te conhecem, Fada.

Inatingível seu caminho
Amigos são como safras de Vinho
Alguns valem a ressaca,
Outros é melhor evitar
E na verdade, Iná,
Só os melhores a gente guarda.




sábado, 5 de julho de 2014

Mercúrio

A espera dos raios solares
Que hão de abrasar-te
No planeta mais quente...

Dos cintilantes, negros
Fios de cabelo,
Passando pelo ônix 
Dos teu olhos,
Escolhidos a dedo
Ao teu corpo
branco fosco:
Quem sabe sentir
O macio toque
Do meu rosto
E poderás achar de novo
Desse frio algo gostoso.

E quanto ao teu amor ardiloso?
Que se cobre em máscaras 
Escondida as farsas
Do seu sentimento jocoso
Faz me rir de tão morno
Como o último gole
De uma sopa
Tomada aos poucos.

Proves do meu 
Pois não é insosso,
Aqui em terras férteis
Menestréis se servem
De rimas às poesias,
Amor tem lavra farta,
Sem causar perjúrio,
Tão vermelho!
Feito morangos
Em mês de julho.

Enquanto guarda
Às mágoas
Da paixão,
Nessa lenta rotação,
Tão obscuro!
No lado gelado
De Mercúrio.



domingo, 25 de maio de 2014

Vítima



Teu rubro sangue que me atiça:
Se torne minha eterna companhia,

Espere o macio toque da minha língua
Ou o perfurar indiscreto dos meus dentes,

Espere que eu esteja presente
Apenas quando o dia se finda,

E já espere a minha fuga repentina
Às cinco horas da matina,

Espere o vasculhar das minhas mãos frias
De surpreendentes lábios quentes,

Espere que eu seja um novo alguém
Diferente do Curupira ou Lobisomem

De apertados abraços salientes
Em luas cheias ou vazias,

Espere o elixir da longa vida
Caso me permita beber da tua fonte,

não espere que eu espere aqui,
Não é Outubro, nem Halloween

E eu já posso ouvir os seus gritos,
Você sempre poderá fugir,

Embora um bom filme de vampiros
Nunca tenha mesmo um fim.


segunda-feira, 21 de abril de 2014

O que faltou dizer?

Se as palavras se repetem
E novas não se atrevem dizer,

Repetem o que já conhecem
E se fazem saber,

O que já foi dito,
Já foi escrito,
E até desenhado.

Amor é tudo aquilo que eu falo
E te farei perceber,

Palavras sinceras
Frases que roubei de você,

Amor, já tá selado,
Já foi enviado,
Só falta receber.

Mas até me arrependo
Da má pontuação e da falta de acento,

Talvez fique explícito
O ímpeto da minha intensão
Em te corresponder,

Ou talvez pague de ignorante,
Que pouco sabe escrever.

Mas há de estar bonito:
Eu falo de rios, de lua cheia,
Eclipses lunares e cantos de sereia,

Enrolo um bocado
Até você entender.

Já nem me pergunto
O que ficou por dizer,

É que a minha carta de amor voltou
E já não poderás ler,

Mas também pudera, mulher,
O selo trocado,
O endereço invertido,

O envelope rasgado,
Só seu nome tá certo:
Amor de um Poeta Qualquer. 


quinta-feira, 10 de abril de 2014

Ex-Amor

Dos bares, companhia,
Minhas alegrias,
Nossos fins de tarde,
Que eu julgava inoxidáveis.


Completava as minhas frases,
Me esperava na saída,
Provocava em minha carne
Toda sorte de euforia.


Despertava aquela magia,
Arrepio, frio na barriga.
Os mais sagazes olhares.


Apesar de tal sintonia,
Não gostava de poesia:
Diferenças irreconciliáveis.




domingo, 30 de março de 2014

Amanhecer, BSB!

Faz-me teu novo cara errado,
Sua recorrente rima fácil,
Sua superquadra preferida
Em toda BSB.


Meu lindo amor desinteressado,
Do beijo mais cálido,
Gostosa mordida,
Me toma pra você.


Teu novo quadro emoldurado,
Seu belo rock clássico,
Sua blusa colorida,
Um filme privê.


Deixa os teu medos de lado,
Eu conserto seu rádio,
A gente fala da vida
E espera amanhecer.


sábado, 8 de março de 2014

Química

Na primeira aula de química
A professora disse que nem todos iriam entender.


Tudo era muito exato e preciso

Dessas coisas certas como o destino.

Que era necessário mais empenho dos alunos

Do que ela estava habituada a ver.

Se tiverem sortes acabariam como poetas ou mendigos.

Há quem levasse a sério os que fossem apenas físicos.

Mas na escola dos amantes
A química era a matéria mais desafiadora e mais intrigante.


Não importando se a odiassem ou a amassem.
Ela comandava todas as outras disciplinas.


Mas sempre tinham aqueles CDFs

Que faziam todos os exames parecerem fáceis.
Mal sabiam o que era rotina.


sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

COLORIDO

Eu não vou enumerar os motivos
Pra você ficar comigo,
Nem tentar te convencer.

Razões, 
estas, que nem eu acredito,
Que vantagens haveria
Em se prender?

Mas quando você

Me olha de dentro,
Vendo além do que já foi visto.
Pode até surpreender!

Não haverei de ser o seu

Fantoche mamulengo.
Sou mais que o cara mulherengo,
Que andava em seu convívio.

Percebe algo diferente.

Além até do meu sorriso.
É que sou mais intenso,
O seu vício de perigo.

Causo efeito feito droga,

Mas não te contraindico,
Assim de perto até
O meu espírito é mais bonito.

Tem, sei lá, um colorido,

Que eu não sei de onde vem.
Só de falar te entusiasma?
Deixa eu te esclarecer meu bem...

Quando vista a minha alma sai faísca,

Te ofusca e te embriaga.
O meu suor, que sai fumaça.
É a minha pele que te excita.
E só meu beijo que te acalma.

O meu coração  abastece

Sangue quente!
Mas se quiser tem querosene,
Gasolina ou alambique.

Do caleidoscópio dos meus olhos

Saem feixes luminosos,
Revelando de nossos corpos
Um "furta-cor".

Minha saliva alucinógena

Faz luz fraca virar aurora,
Enquanto a gente se demora,
Enquanto a gente faz amor.

O que a minha presença te provoca,

Sair do torpor que te incomoda,
Minha sensação te dá vertigem,
Faz tua íris mudar a órbita.

Mas não insistirei que fique

Vai sem medo, você é livre!
Volta lá pro seu branco-preto,
Tenta esquecer que a cor existe. ;)





quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

Além da estrada

Toda vez eles se perdiam,
Os caminho retos
Pavimentados
Eram tediosos.
Seguiam essas trilha ermas.
Capinzais
tortuosos.
Levava um tempo
Achar novamente o rumo.
Não eram de mal do mundo,
Como pensavam alguns
É que as paisagens mais bonitas
Estavam além das estradas seguras.
E claro se machucavam
De joelho ralado a corte profundo,
Mas nunca paravam de andar,
Era o trajeto que encantava
Bem mais que a direção.
De bem com a vida,
Sem pressa no passo,
Caipirinha, vodka ou espumante.
Água gelada relaxante,
Atravessavam rio a nado
Dispensando as pontes.
Nada contra o percurso confortável,
Do túnel que rasga a montanha. 
É que passar sem ver
O brilho das estrelas
Do alto das colinas era impensável,
Fogueira e violão os seus amantes.
Admiravam aquela vista do alto,
Podendo ver o tão, tão distante,
Mas também se embrenhavam
Em vales, florestas e pântanos.
E voltavam para a estrada sorrindo
Reecontrando os amigos deixados,
Planejando uma outra aventura
Uma nova fuga adiante.
Que prometesse algo radiante,
Qualquer certeza no incerto
Sem mapas ou roteiros.
Nunca deixavam de ser os mesmos,
Mas a cada novo dia
Mais sábios que antes.


quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

Cupido


Um amor assim declarado
Com todas as letras 
Que um "Eu Te Amo" merecem.



Um amor assim sussurrado
"Eu gosto de Você"
Naquela noite fria, te aquece.



Eu prefiro assim revelado
"Tô com saudades sua"
Pra vê se você percebe.



"Queria você ao meu lado",
"Quando você volta?"
Ou um singelo "Aparece!"



Amor é dessas coisas sem hora,
que simplesmente acontece.
... Permanecerias calado?



"Não quero ser só amigo",
"Me dá uma chance?"
"Ficarias comigo?".



Falaria adoidado!
Sem medo de  parecer bobo,
Amor já não sabe o que é isso.


Amar é um ato involuntário.
Cupidos os anjos mais
Odiados do paraíso.


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