sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

CRôNICAS DE PLANALTINA


 (Imagem ilustrativa)
ONTEM O MEU ÔNIBUS NÃO PASSOU, e há quem lerá isso e discordará:
“ - Como não eu mesmo vi ônibus escrito ‘planaltina’ no letreiro saindo do ‘Plano-Piloto’ ontem à noite.” Mas ao que eu me refiro, leitor, são aos ônibus do Arapoangas e do Vale do Amanhecer, sim,  eles também fazem parte de Planaltina embora não precisem estar com o nome da cidade no letreiro. São os bairros mais afastados. Esquecidos?
Moradores do Arapoangas e do Vale do Amanhecer universitários/ trabalhadores em Brasília, tem que descer todos os dias para pegar ônibus no Eixo, ao menos os do período noturno, (é perda de tempo esperar na W3).  Esperam seus respectivos ônibus sucateados, que tantas vezes já quebraram no caminho, que tantas vezes passaram da parada por mau funcionamento do sinalizador, mas esperam que pelo menos estes passem, quem precisa dos ônibus do Vale a situação ainda é mais crítica, são raros, é quase um prêmio voltar para casa com o ônibus certo.
Mas ontem à noite nenhuma das duas linhas trafegaram, 22h30...  A parada já cheia esperava cansada os coletivos, não poderiam pegar a linha 600 (Aquela que está escrito PLANALTINA) porque quando chegam nas paradas da cidade não há mais circulares rodando. 23h ... Passa um carro e atira sobre as pessoas na parada papel molhado... por diversão. A parada fica muda, tentando entender o que aconteceu, e eu só espero que não nos confunda com mendigos (ou índios) da próxima vez. 23h30... Já não há mais habitantes de Sobradinho, nem Sobradinho II, nem nenhum outro canto do DF na parada, apenas os moradores do Arapoangas e do Vale, tão surreal que parece um flash mob., mas não tem graça alguma ninguém queria ainda estar ali, queriam estar em casa. 00h... Não há mais o que se esperar o ônibus não virá a alternativa é pegar um dos últimos ônibus escrito Planaltina, a linha 600.
Na parada da 112 Sul: Perguntam com resquícios de esperança ao cobrador e ao motorista se seus respectivos ônibus virão, e recebem uma resposta alentadora: “ - É certeza passa todo dia depois deste, tá lá no terminal, já já vai passar”. Mas quase ninguém acredita e preferem embarcar mesmo assim, e o que ele diria de todos os ônibus que já deveriam ter passado. Eu embarco também, e espero que aquele passe realmente para que os que ficaram na parada não acabem por dormir lá. E a cena se repete a cada parada, nada muda, exceto a confiança do cobrador: “ - O ônibus vai encher, o outro tá vindo atrás, mas não posso garantir”, e até que ela desaba, “ -  É, já devia ter passado por nós, só se ele foi pelo Eixão.”
A linha 600, cheia de ‘intrusos’ lota a sua capacidade, alguns dormem, leem, olham a paisagem da janela, ouvem música. Os que sentaram têm seus joelhos espremidos, pelos assentos nada ergonômicos (cadeiras muito próximas), os que ficaram em pé, lutam para assim permanecer, lutam contra o cansaço do dia, devem permanecer acordados. 01h... o coletivo entra na cidade em seu trajeto normal, em frente ao Jardim Roriz e faz a curva antes da Rodoviária em direção ao Setor Sul ao que se ouve um sonoro: “ -  Quem tiver indo para a Rodoviária desce aqui, este ônibus não vai para a Rodô.” Nenhuma objeção, a Rodoviária é deserta neste horário. Para uma Cidade Dormitório como Planaltina os circulares (micro-ônibus) param de rodar cedo demais 23h, sendo que tarde da madrugada ainda há coletivo lotado chegando do ‘Plano’.
 O ônibus se esvazia pouco a pouco, mas em uma parada em especial, a da Vila Vicentina, descem quase todos os passageiros, a parada mais perto de casa, ao que os Moto-taxistas ali apostos, não conseguem segurar o sorriso. E o passageiro que pagou 3 reais, ou o estudante com seu cartão de vale transporte, vão pagar mais caro para completar o pequeno trajeto que falta para chegarem em casa do que pagaram pelos vários quilômetros que os segregam de Brasília. Mas não há reclamação sobre os moto-taxis, é deles que muitos se valem, quando o governo os esquece, uns acordam parentes para que os busquem, esperam algum transporte pirata que possa estar fazendo linha de madrugada, ou vão a pé para casa.
ONTEM 16/02 O MEU ÔNIBUS NÃO PASSOU, o meu e o de centenas de moradores do Arapoangas e do Vale do Amanhecer, não foi a primeira vez, e arrisco dizer, não será a última enquanto o Megalomaníaco (leia-se Estádio Nacional) ainda estiver acima do Básico, (transporte, segurança, educação, saúde...).

PS. Há dois anos eu votei pela primeira vez e acreditei verdadeiramente, que a partir dele teria o poder de mudar algo na minha sociedade. Mas eu me enganei, não importa quem seja eleito, por inércia tudo fica parado no lugar, não importa que prato você escolha no catálogo do restaurante, a indigestão durará quatro anos de qualquer jeito. Será que isso um dia vai mudar?

domingo, 12 de fevereiro de 2012

You And I

(Arte: Jean F Souza )
 
"It's been a long time since I came aroundBeen a long time but I'm back in townAnd this time I'm not leavin' without you."

 "Já faz um bom tempo desde que eu chegueiJá faz um bom tempo mas agora eu volteiE dessa vez não vou embora sem você."

Lady Gaga

sábado, 4 de fevereiro de 2012

Nascimento Inesperado

    Lavando a louça,
      Água pra todo lado,
  Senti molhar minha roupa,
    Iniciava uma dor suportável
       E uma leve dormência no braço,
Mas meu coração já batia rápido demais,
Escorrega um copo da minha mão instável
           E sua estrutura de vidro se desfaz
       Aquele sangue rubro já estava ali?
 Santo Deus, ou foi eu que me feri?
       Se aguente aí, minha filha,
       E eu nem tenho papel!
A bagunça fica pra depois
                As vasilhas também
            Não consigo aturar a dor
                    De retardar esse neném
                    Quer tomar ar, sair de mim,
          O que você tem em mente, faceira?
        Onde eu estava com a minha cabeça?
         Mas agora eu estou sozinha na cozinha
                   Sem toalha, água quente, caneta.
                    Do que se precisa nessas horas?
                     Mas ela está ali querendo sair,
       Com receio, pois não está no horário.
             Saí arrancando minhas vísceras,
          Seria um aborto involuntário?
         Mas respira, eu posso ouvir,
Bem vinda a Terra, pequena!
               Nasce um novo poema
                Como uma filha pra mim.
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