sexta-feira, 8 de abril de 2011

Nós Robôs



(Arte: Jean F Souza )
Cada robô com a sua codificação
Suas peças parecidas
Suas memórias já vividas
Com seu conjunto alienação.
Iguais em suas diferenças
E quantas diferenças,
Quanta confusão!

Cada um com seu querer
Seus olhares,
Suas bocas, suas faces,
Inigualáveis a qualquer outro ser.
Cada um com seu gosto,
Com seu piercing no rosto
Ou tatuagem na alma.

Cada um com seu chá que acalma,
Com sua comida preferida,
Com sua música mais bonita,
Na sua opinião.
Com seu jeito de fazer tudo perfeito
Qualidade ou defeito,
Ou só intuição?

Cada um com sua indumentária
Seus penteados de cabelo
Sua arcada dentária
Sua íris, seus pelos,
Sem igual...
Cada um com a sua digital,
Sua linha de vida.

Cada um com suas teorias,
Cada louco com a sua mania,
Com seu grupo de amigos,
Que por sua vez têm outros amigos
Que não são nem seus conhecidos.
Dignos ou indignos,
Confiáveis ou inimigos?

Cada um com seus valores,
Com seus desejos,
Seus credores.
O seu jeito de falar,
O seu timbre de voz,
A escolha entre amar
Ou ficar a sós.

Mas por que o mundo
Insiste em ser tão igual?
E até os sentimentos
Têm que ser padronizados.
Não se muda de canal,
Não se cria pensamentos,
Não temos esse cuidado.

Entiquetados estamos todos,
Nós robôs,
Frutos de diversos lotes,
Tentando ser autênticos,
Sendo idênticos.
Quem dita as regras são os outros.
Afinal quem nos roubou?

O direito de escolher,
O anseio de aprender.
Cada um tem seu passo,
Seu auto-retrato,
A maneira de ver o mundo
E o mundo o ver,
Deixem-nos viver!

Hoje um terremoto aciona
Uma antiga virtude,
De fazer o que penso
E não o que me dizem,
Ser quem eu sou,
Dessa vez meu controle remoto não funciona
Mas minha pilha ainda não acabou...

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Olá, Sua opinião é muito importante,
Obrigado por comentar!

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...